4ª sessão – Tradições
Juntamente com sagiário: um homem vestido de coros, fitas, ouropéis e guizos, fazendo visagens e
Momices com arco e flecha na mão(…) ora fugindo com gestos e ademanes de medroso, ora parando e volgtando-se com a posturas e gestos ameaçadores”
Pires de Lima, Mestre Gil ou o barbeiro de D. Jo-ão II
É na freguezia das Neves, na província do Minho, que esta devota romaria se celebra no dia 5 de Agosto. Afluem ali centenares de romeiros de todos os arredores, cantarolando e dançando ao melodioso som de seus afinado sinstrumentos (…) ouvid[o]s com entusiasmo por todos os devotos romeiros de ambos os sexos, que promiscuamente agrupados porfiam em festejar este dia por eles consagrado à solenidade da sua senhora. (…) Apoiado sobre grossas estacas, vestidas de vária e entrelaçada ramagem, lá se vê levantado do chão à altura de seis palmos um tablado, onde se recita todos os anos o predilecto drama, Ferrabraz e Floripes (…). O dia a declinar, e eis que chegam quinze cavaleiros (é conta fixa e sabida), escarranchados, uns em selim, outros em albardão, nos seus bucéfalos, e fazendo-os girar meia dúzia de vezes no largo, tendo primeiro formado duas linhas como dispostas em campo de batalha, agora os vereis disputando-se em opostos campos. Uma das linhas representa os denominados doze pares de França com seu chefe Carlos Magno; arremeda a outra a um troço de mouros, às ordens do almirante Balão. Trajam todos fardetas, que dizem à moura. O resultado da peleja sai favorável aos pares, que então sobem ao tablado e ali representam seus papéis; seguem-se-lhes os outros, e igualmente aí tem seu papel a magnânima Floripes, namorada de Guy de Borgonha; esforçam-se todos para receber os aplausos de que efectivamente os cobrem os espectadores, e termina a festa por um segundo combate, em que o Almirante mouro se finge vítima dos pares franceses, e Floripes com seu irmão Ferrabraz ficam em poder dos mesmos. Bom é quando o povo se diverte (Mattos 1859: 370-371).